Quem pode dizer que é uma boa companhia para si? Só quem se propõe a passar um tempo significativo consigo mesmo e não tem medo do que possa encontrar.
Esse sem dúvida foi o maior presente que a pandemia de Covid_19 trouxe para a humanidade. Ter um tempo para si, querendo ou não. É muito fácil ver os dias passar sem parar um segundo, sem ter tempo para nada, na correria do trabalho, academia, obrigações, amigos e família.
Mas quando a gente fica ali de frente para nós mesmos, dai é que a coisa toma outra forma e proporção. Conheço muitas pessoas que quando tem a oportunidade de passar um tempo consigo mesmas, sem obrigações e ninguém olhando, acabam sendo inimigos de si.
Passam a viver com a casa parecendo um campo de batalha, param de tomar banho, começam a comer qualquer coisa que tiver e a fazer o que é mais fácil, e os dias, a saúde e o tempo vão passando e a pessoa não percebe.
Esse é um caso triste, o qual não desejaria nem para um inimigo, porque esse tipo de atitude gera grandes níveis de frustração e infelicidade, e gente infeliz enche muito o saco.
Lembro sempre do ator Will Smith em uma entrevista, comentar sobre o relacionamento dele com a atriz Jada Smith, sobre o acordo que eles fizeram de entender que para se relacionarem, os dois precisavam se apresentar para o relacionamento já felizes, já completos.
A visão significa que a felicidade de cada um não depende do outro fazer acontecer. Que para estar no relacionamento, ambos precisam já estar felizes, chegarem bem cada um consigo mesmo, e caminharem lado a lado na vida, mas cada um no seu caminho. Talvez por isso o índice de divórcios aumentou significativamente nos meses de lockdown.
As vezes, esperamos tanto dos outros, e não só em um relacionamento amoroso, mas também dos amigos e familiares. Esperamos que nos reconheçam, que nos aceitem, que nos deem apoio, que nos aconselhem, que participem de tudo. Mas então, quando começam a ser muito participativos, queremos cortá-los fora e lembrá-los que embora tenhamos pedido e esperado que eles fizessem parte, eles tem um limite o qual não podem ultrapassar.
É uma atitude cheia de dualidade, e acaba não sendo muito frutífera na prática. Mas isso não quer dizer que precisamos viver o máximo isolados em nossa ilha interior. Não tem a ver com estar sozinho fisicamente, tem a ver com ser sua melhor companhia não importa a situação.
Mas sozinho, fica mais fácil de identificar o grau de amizade que temos com nosso próprio eu. Se nos cuidamos, nos aconselhamos bem, se nos divertimos e criamos para nos entreter, e se cumprimos nossas atividades. Ou se quando estamos escondidos longe dos olhos de outros, largamos mão de nós mesmos e ficamos vendo a vida passar, no pior sentido da palavra.
Ao longo da quarentena, claro que passamos por várias fases. Fase de fazer tudo, fase de fazer nada, fase de estar cansado, fase do desespero, ou mesmo a fase de não se importa com nada e só deixar a vida levar.
As perguntas que não podem calar
Mas no geral, como foi? Doeu muito? Criou novos projetos? Foi agradável? O que ficou no fim? Perguntas que com suas respostas dizem muito sobre nossa amizade interior. Essa amizade, vem do amor próprio, que nos faz viver, ter energia e vida e se ligar com a força maior que governa esse Universo que habitamos.
E quando temos um tempo em nossa própria companhia e estamos bem assim, vamos evoluindo, nos melhorando e nos aconselhando para um caminho que traga mais harmonia e bem estar. Quando somos amigos do nosso eu mais verdadeiro, queremos o melhor para nós.
E então, já não é esperado tanto dos outros. Pois nós mesmos já somos a nossa própria “curadoria”. Somos tudo que queríamos que os outros fossem para nós. É uma ideia incrível, você não acha?
Buscar ser seu melhor amigo, fazer o melhor por si, se aconselhar, ter boas conversas consigo mesmo. Muitas referências espirituais, citam o poder da introspecção para evoluir, e eles não estão brincando.
A parceria consigo mesmo, elimina vícios, traz atividades prazerosas, realização de projetos, paz interior, melhor relacionamento com os outros e mais sabedoria e gentileza para lidar com situações diárias do cotidiano.
Vale a pena tentar, até porque desistir de si mesmo nunca será uma opção. Isso também é parte dessa amizade com o “self”. Essa amizade é a certeza de sempre poder acreditar, saber que investir em si mesmo é dizer ao Universo que “aqui tem valor”, e quando você investe em você, o Universo também investe em você.
Que a gente consiga ser investidor de si, saber nosso valor e ser nossa melhor companhia na caminhada da vida.
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